segunda-feira, 29 de maio de 2017

Spok Frevo Orquestra - Frevo Sanfonado (2015)

Desavisados podem supor que Frevo Sanfonado, o terceiro disco de estúdio da Spokfrevo Orquestra, seja forró, por causa da sanfona, ou uma inovação introduzida na instrumentação do frevo. Nem um, nem outro. Há pelo menos dez anos, nos concursos de música carnavalescas realizados no Recife, sanfona, flauta e guitarras tornaram-se instrumentos solo em frevos instrumentais. O sanfoneiro Beto Hortiz, o flautista César Michiles e o guitarrista Luciano Magno forma premiados com frevos de rua compostos para seus respectivos instrumentos.
Quase seis décadas atrás, o frevo já figurava entre os ritmos embutidos no coletivo “forró”. Sobretudo no anos 60. Os sanfoneiros, e tocadores de oito baixos, costumavam estampar frevos no repertório de seus discos. Já em seu pioneiro LP de estreia, Oito Baixos (1957), Gerson Filho toca Frevo Maluco (dele e dos Irmãos Orlando). Lançados entre 1961 e 1963, os três primeiros LPs de Abdias outra lenda dos oito baixos, trazem, cada qual, uma faixa de frevo.
O maestro Spok retoma esta pratica meio esquecida com a SFO gravando uma dúzia de composições, a maioria assinadas por sanfoneiros. Uma seleção abrangente que vai de Sivuca (que gravou, entre 1980 e 1984, a série Forró e Frevo) a Gennaro (ex-Trio Nordestino), passando pelo Mestre Camarão (falecido enquanto este disco era gravado), o gaúcho Renato Borghetti, o paulista Toninho Ferragutti, o jovem cearense Nonato Lima, entre outros.
O que diferencia a música de Frevo Sanfonado, dos frevos gravados com sanfona, é que ela se incorpora à orquestra como mais um elemento, rachando solos com sax, trompete ou trombone, e mesmo com outra sanfona. Em De Cazadeiro ao Recife, o sanfoneiro Vitor Gonçalves (autor da música), e o contrabaixista de Hélio Silva são os solistas. Em Sax Sanfona, Gennaro dialoga com o sax do maestro Spok. Enquanto Frevo Sanfonado (Sivuca), tem Dudu do Acordeom e Johnanthan Malaquias compartilhando os holofotes com o sax de Rafael Carneiro, e o trombone de Thomas de Lima.
O disco tem 14 convidados, boa parte deles de sanfoneiros, enquanto apenas uma das composições é de um integrante da SFO, Maluvida, do guitarrista Renato Bandeira, frevo lançado, em 2013, no disco Renato Bandeira & Som de Madeira (com a SpokFrevo Orquestra).
Obviamente, o frevo com sanfona é diferente do executado por uma orquestra tradicional. Aqui esta diferença é minimizada pelos arranjos que aproximam o acordeom dos naipes da SFO. São vários arranjadores. O maestro Clóvis Pereira, um dos maiores da música brasileira, por exemplo, assina o arranjo de Que Saudades de Seu Domingos, de Beto Hortiz.
O maestro Spok encarrega-se de três arranjos, e os demais foram distribuídos por músicos como Marcos FM (a citada Sax Sanfona, de Gennaro e Frevo pra Ela, de Nonato Lima), Nilson Lopes (Sandro no Frevo, de Camarão, com participação dos sanfoneiros, Lulinha e Meninão) e Frevaricação (Renato Borghetti) , ou Adail Fernandes (Bipolar, de Toninho Ferragutti).
Todas as faixas trazem a marca registrada da SFO, ou seja, abertura para solos e improvisos de seus integrantes, em diálogo com os sanfoneiros. Produzido pelo maestro Spok e o saxofonista Gilberto Pontes, Frevo Sanfonado, foi gravado no Estúdio Carranca, no Recife, com produção executiva da Jaraguá Produções.




Faixas:
01-De Cazadero ao Recife (Part. Esp. Vitor Gonçalves)
02-Sax Sanfona (Part. Esp. Genaro)
03-Sandro No Frevo (Part. Esp. Lulinha e Meninão)
04-Frevanca (Part. Esp. Chico Chagas)
05-Bipolar (Part. Esp. Toninho Ferragutti)
06-Saudade De Seu Domingos! (Part. Esp. Beto Hortis)
07-Frevaricação (Part. Esp. Renato Borghetti)
08-Frevo pra ela (Part. Esp. Nonato Lima)
09-Maluvida (Part. Esp. Renato Bandeira)

2 comentários:

Anônimo disse...

Vocês poderiam postar qualquer disco de Luiz Bandeira?

Nemo

Flávio de Souza disse...

Valeu aí pelo blog. Gosto de ver quem valoriza a verdadeira cultura do nosso rico estado.